Devo fazer o tratamento para as moscas volantes? Retina e Vítreo.
Se você não consegue mais aguentar as moscas volantes e está pensando em fazer algum tratamento, este vídeo discute esta questão, será que vale a pena? Aqui quem fala é o Dr. Mário Bulla, médico oftalmologista, especialista em retina e hoje vou voltar novamente ao assunto das moscas volantes (floaters, em inglês) pois o número de comentários sobre este assunto tem sido muito grande e principalmente de pacientes muito jovens, inclusive adolescentes, relatando estar com sintoma muito intenso de moscas volantes e querendo realizar tratamento. Realmente o sintoma de mosca volante é um sintoma muito ansiogênico (sintoma que causa muita ansiedade), não apenas pelo medo de ser algo mais grave como por exemplo um descolamento de retina ou um rasgo na retina, até mesmo a própria toxoplasmose pode dar este sintoma, mas também pelo incômodo que ele causa. Segundo a Academia Americana de Oftalmologia, o sintoma de mosca volante é a principal causa de queixa nos consultórios oftalmológicos. Mas é importante ressaltar que quando surge o sintoma das moscas volantes realmente é muito desagradável, mas pela experiência que temos, este sintoma realmente vai reduzindo dentro de meses a anos e passa a não incomodar mais tanto. Recentemente eu fiz um vídeo sobre formas de tratamento que realmente são factíveis para o tratamento das moscas volantes, mas é muito importante lembrar que para que o tratamento seja efetivo nós sempre consideramos pacientes que já tem descolamento do vítreo. Para relembrar, vítreo é a gelatina interna do olho, quando nascemos esta gelatina é fortemente aderida à retina e com o passar do tempo, ou às vezes por algum traumatismo, ou até mesmo coçar demais o olho, o vítreo acaba desgrudando da retina, pacientes que tem graus mais altos de miopia também tem descolamento vítreo com mais facilidade. No momento em que o vítreo descola da retina o paciente começa a perceber a presença da hialóide que é uma fina membrana que recobre o vítreo. Esta hialóide apresenta alguns pontos que são bastante opacos, a parte da hialóide que é presa à papila, no momento em que descola da retina, forma uma imagem bastante opaca semelhante a um círculo, chamado de anel de Weiss. O anel de Weiss é a principal causa de mosca volante intensa nos pacientes. Estudos que avaliaram a utilização do YAG laser para tratar as moscas volantes, consideraram pacientes que tem descolamento do vítreo e que apresentam esta opacidade bastante intensa, geralmente o próprio anel de Weiss ou alguma outra opacidade muito proeminente. Com o laser conseguimos explodir o anel de Weiss ou alguma outra grande opacidade que esteja presente. Mas estas moscas volantes pequenas, mais fininhas, mais transparentes, não são factíveis de destruição pelo YAG laser e são muito comuns em pacientes que não tiveram descolamento do vítreo, principalmente pacientes jovens. Então pacientes mais jovens que não tem descolamento do vítreo, que na grande maioria dos casos também não operaram catarata, ou seja tem o cristalino bastante transparente, geralmente não terão indicação de tratamento das moscas volantes, pois os riscos são maiores do que os benefícios. Existem relatos de algumas complicações como ruptura retiniana e o desenvolvimento da catarata. Da mesma forma que o YAG laser, a realização da vitrectomia para os casos de mosca volante está indicada para pacientes que tem descolamento do vítreo, pois a cirurgia é feita entrando-se com o vitreófago para remover a parte opaca da hialóide e alguma outra grande opacidade que esteja presente e encerrar a cirurgia. Se o vítreo não estiver descolado teremos que puxar com muita força a hialóide para tentar soltá-la da retina e isto pode levar a algumas complicações como o próprio descolamento de retina. Principalmente em pacientes jovens pois neles a hialóide é aderida de forma muito intensa à retina. Então, provavelmente você já ouviu isto muitas vezes, mas se o sintoma não é muito intenso, não é causado pelo descolamento do vítreo, o ideal é não realizar o tratamento, mas observar pois na grande maioria dos casos o sintoma reduz com o tempo. E é importante lembrar que quando surge este sintoma é muito importante consultar pois podemos estar frente à uma ruptura retiniana, que requer fotocoagulação a laser, um possível descolamento de retina e até mesmo a toxoplasmose ocular.
Este vídeo não substitui a consulta médica e tem apenas finalidade educativa.
Autor: Dr. Mário César Bulla
Cremers 28120
Médico Oftalmologista - Especialista em Retina
www.clinicabulla.com.br
www.especialistaemretina.com.br
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